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Desvendando a Sensibilização: Garantindo a Segurança dos Produtos Tópicos

Foto do escritor: Eleve ScienceEleve Science

Você já teve aquela sensação desagradável na pele após o uso de algum produto? Aquela ardência, vermelhidão, inchaço ou até mesmo o surgimento de bolinhas vermelhas na pele? Esses sintomas são sinais claros de uma reação alérgica, e não há nada pior do que sentir desconforto após aplicar algo na pele, não é mesmo?


A sensibilização é um fenômeno adverso que surge quando uma substância entra em contato com o organismo, desencadeando uma série de reações inflamatórias e ativando nosso sistema imunológico. Reconhecer esse tipo de reação é essencial para identificá-la como uma possível resposta alérgica, fornecendo assim insights valiosos para garantir a segurança dos produtos que integram nossa rotina diária.


Fonte: “Sensibilização tópica: Resposta alérgica que ocorre após o contato da pele com uma substância ou mistura” Union Nations (2023).



O Caminho para a Segurança

Na busca incessante por produtos que ofereçam segurança e bem-estar, é fundamental submetê-los a uma série de testes criteriosos. Afinal, garantir a minimização dos riscos e a prevenção de efeitos adversos é primordial para assegurar a tranquilidade e o conforto dos consumidores.


Nos anos 80, a avaliação de sensibilização era limitada a apenas dois testes principais, ambos utilizando, como modelos biológicos, porquinhos da Índia, conhecidos como teste de maximização e teste de Buehler.


Mas com o tempo, novas metodologias surgiram, como o Ensaio de Linfonodo Local (LLNA), que se tornou referência na avaliação desse efeito adverso como método principal para avaliação de sensibilização de substâncias ou misturas. Além de representar um método confiável e ser mais eficiente, o LLNA gerou um banco de dados valioso com informações sobre as substâncias já testadas, e essas informações foram extremamente úteis no desenvolvimento de Novas Abordagens Metodológicas (NAM’s) para avaliação de sensibilização.

 

- Ensaio de Maximização e Ensaio de Buehler: avaliação visual e subjetiva.

- Ensaio de Linfonodo Local: avaliação quantitativa que confere um resultado mais robusto.

 

Caminhos de Efeito Adverso (AOP)

A sensibilização possui Caminhos de Efeito Adverso (AOP) bem definidos, o que facilita na identificação de metodologias aplicáveis para a identificação do efeito sensibilizante em um mecanismo de ação específico. A literatura descreve que existem 4 eventos chaves principais para a identificação do efeito sensibilizante:


- Efeito chave 1: capacidade de ligação com proteínas da pele;

- Efeito chave 2: ativação de queratinócitos;

- Efeito chave 3: Ativação de células imunes;

- Efeito chave 4: Ativação e proliferação de células imunes ligadas a imunidade adaptativa.

 

Com o avanço da implementação de metodologias NAM’s, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) publicou diversos guias, que podem ser utilizados para a avaliação desses efeitos chaves. O objetivo é a utilização desses resultados para a determinação da capacidade de uma substância ou mistura em provocar o efeito sensibilizante.


Para que uma nova NAM seja implementada com sucesso, é imprescindível avaliar a capacidade preditiva do método, garantindo a correta identificação do AOP. Nesse processo de avaliação preditiva, as substâncias de proficiência desempenham um papel crucial, elas devem ser utilizadas para provar a assertividade da resposta do método proposto.

 

- Substância de Proficiência: substância que possui um efeito esperado e definido, normalmente é utilizada para avaliação da predição de um método.

- Avaliação da Predição: avaliação da assertividade dos resultados obtidos em um método após a utilização de substâncias de proficiência.

 

A seleção das substâncias de proficiência é baseada nos dados obtidos anteriormente pelo ensaio LLNA, que mostrou respostas semelhantes aos resultados obtidos com testes in vivo e por isso podem ser aplicadas na avaliação de segurança. As NAMs validadas pela OCDE atendem à identificação do efeito sensibilizante nos principais pontos chaves dos AOP. Além dos métodos NAM, é possível associar os resultados obtidos em modelos experimentais às ferramentas in silico para avaliação de segurança de uma determinada substância ou mistura.

 

Para entender a divisão dessas NAM’s por mecanismos de ação:

Fonte: Autoria própria (2024).

 

Devido a crescente de aplicação de métodos NAM, embora o ensaio de LLNA atual seja um método 3R’s (Redução, Refinamento e Substituição), ainda não é recomendado como primeira opção de avaliação da sensibilização, pois para a execução do método é necessário o emprego de animais e o desfecho é a morte da cobaia. Sendo assim, o emprego de métodos in chemico e in vitro associados a utilização de abordagem in silico devem ser sempre priorizados.

 

Dentre a maior vantagem na aplicação de métodos NAM para a avaliação do efeito sensibilizante, é a possibilidade de obtenção de resultados confiáveis e que garantem a segurança na maioria da população com a aplicação de métodos 3R’s. 

 

Pare para refletir

Você já pensou na quantidade de animais que deixarão de ser sacrificados para que você possa receber e utilizar com segurança um produto tópico, pois ele provavelmente não irá provocar uma alergia em sua pele?

 

Autores do texto:

Camila Mini

Bruna Fonseca

Franciane Marquele-Oliveira

 

 

Referências: 

 

ALEKSIC, M.; RAJAGOPAL, R.; ÁVILA, R.; SPRIGGS, S.; GILMOUR, N. The skin sensitization adverse outcome pathway: exploring the role of mechanistic understanding for higher tier risk assessment. Critical Reviews in Toxicology. DOI: https://doi.org/10.1080/10408444.2024.2308816.

 

MACMILLAN, D. S .; CHILTON, M. L. A defined approach for predicting skin sensitisation hazard and potency based on the guided integration of in silico, in chemico and in vitro data using exclusion criteria. Regulatory Toxicology and Pharmacology. DOI: https://doi.org/10.1016/j.yrtph.2018.11.001

 

Chapter 3.4. Respiratory or Skin Sensitization. In: Globally Harmonized System of Classification and Labelling of Chemicals (GHS) Tenth revised edition. 2023. ISSN: 242-155X.

 

Organisation for Economic Co-operation and Development. Guideline nº 497. Guideline on defined approaches for skin sensitization. 2023.

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